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terça-feira, 19 de julho de 2016

Luanda, uma perspectiva histórica do imobiliário

Em conversa com uns "mais velhos" de Luanda, apercebi-me que a evolução da construção imobiliária da cidade no Séc. XX esteve intimamente ligada à iniciativa privada e ao seu sucesso nos seus negócios.

A cidade cresceu, ao longo dos últimos 100 anos, de acordo com os sucessos que os empresários obtinham nas suas actividades principais, como foi o caso do café, em meados do século passado. Foi assim que apareceram bairros como o Miramar e cresceram os edifícios na Av. Marginal, hoje Av. 4 de Fevereiro. 

A excepção a esta iniciativa privada aconteceu no início da década de 1960 quando, fruto do desenvolvimento de Angola, o Estado Português incentivou a vinda para Luanda de quadros médios e superiores - como sejam engenheiros, professores do ensino secundário e universitário - para Angola. Foi assim que nasceu o Bairro de Alvalade.

No Século XXI temos outros factores (e também os mesmos) a potenciarem o crescimento da cidade de Luanda e o seu mercado imobiliário.

O primeiro factor e o actor diferenciador da história recente do imobiliário que favoreceu o desenvolvimento da Cidade de Luanda foi a Paz alcançada em 2002. Este facto despertou o interesse de muitas empresas para o mercado angolano e fez aumentar exponencialmente a procura de produtos imobiliários, desde habitação a armazéns, passando pelos escritórios e hotéis. 

Aliado a este facto temos também o preço do petróleo a atingir valores recorde: este é o café do Séc. XXI e o segundo factor de crescimento do mercado imobiliário. E assim, até à crise financeira mundial de 2007/2008, a procura excedia largamente a oferta. Os preços dispararam e as vendas faziam-se ainda em planta. Mas a crise financeira mundial afectou o mercado imobiliário e a procura tornou-se mais selectiva e exigente, e este teve que se adaptar. A profissionalização do sector era agora uma necessidade do mercado. A diminuição das áreas e o aumento da qualidade construtiva e dos acabamentos tornaram-se uma necessidade dos promotores, que no Séc. XXI passam a ser os empresários do imobiliário, sendo esta a sua actividade principal ao contrário dos empresários do século passado que investiam no imobiliário.

Em finais de 2014, com o início da descida dos preços do petróleo, o sector imobiliário, cada vez mais profissional, começa a reduzir a sua actividade e os projectos imobiliários tornam-se mais escassos. O seu próprio desenvolvimento também se adapta à crise que a queda dos preços do petróleo trouxe e à falta de liquidez em divisas.

Parece que mais um ciclo se fechou e um novo se voltará a iniciar em breve, pois esperamos que estes ciclos, à semelhança dos ciclos económicos, também sejam mais curtos.

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Por Francisco Barros
Diretor Executivo da Proprime

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