menu

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Silly season só para alguns

Por Gonçalo Nascimento Rodrigues
Out of the Box
Main Thinker

OTBX, Consultoria em Finanças Imobiliárias, Lda.
Managing Director






--
Estamos na chamada "silly season", uma época em que pouco ou nada acontece. O pessoal vai a banhos e, enquanto dá um mergulho e outro, pouco acontece à sua volta. Mas não em Espanha.

O SAREB, ou se lhe quisermos chamar, o Bad Bank Espanhol, similar ao NAMA, já aqui falado neste blog, acaba de concretizar uma operação de colocação de 51% de uma carteira de activos imobiliários de € 100 Milhões. Ao que parece, a carteira contém cerca de 800 casas, espalhadas por várias regiões de Espanha.

O comprador foi a H.I.G. Capital, private equity norte-americana posicionada para operações oportunísticas.

Quem vem acompanhando este blog, sabe relativamente bem o que penso sobre uma possível estratégia de rentabilização de activos residenciais mal-parados para Portugal. Quem não se lembra, pode ler aqui.

A constituição de um bad bank ou um qualquer veículo que aglomere este tipo de activos, tem vantagens e desvantagens, com certeza. No entanto, tem esta grande vantagem, de ser possível desenvolver uma estratégia forte e conjunta que permita rentabilizar os activos através de bulk sales.

O nosso mercado é já, per si, de pequeníssima dimensão. Se cada entidade bancária procurar, de forma isolada, colocar os seus activos imobiliários no mercado, ainda para mais, não baixando muito os preços, levará muito tempo para conseguir sequer colocar uma pequena parte.

A vantagem de realizar grandes colocações conjuntas a investidores externos passa pela liquidez que se confere ao mercado, o que hoje em dia é fundamental. É natural que os descontos terão de ser maiores, mas são dados uma única vez. Depois, com certeza que o mercado começará a valorizar, e com isso traz-se mais confiança ao sector e novos investidores chegarão.

Nem de propósito, hoje temos uma entrevista no Diário Económico com Nuno Espírito Santo da Finsolutia, a defender a venda, por parte de Banca, de grandes lotes de crédito habitação. Somos poucos a remar por uma solução deste tipo mas é bom saber que já somos alguns.

Por isso, volto a defender uma estratégia conjunta, nacional, de rentabilização de activos imobiliários mal-parados. Uma estratégia que, em primeira mão, defenda o cidadão, mutuário e contribuinte e, logo depois, traga liquidez e investidores ao nosso mercado.

Até lá, boas férias, e bons negócios (imobiliários)!

Sem comentários: